Ansiedade: sintomas, causas e tratamento baseado em evidências científicas
- Dr. Lucas do Prado

- 2 de out.
- 5 min de leitura
Atualizado: 25 de out.
A ansiedade faz parte da vida de todos nós. Em certos momentos, como antes de uma entrevista de emprego ou de uma apresentação importante, é normal sentir o coração acelerar e a mente ficar mais agitada.
O problema é quando essa sensação não vai embora e começa a atrapalhar o sono, o trabalho, os estudos e até os relacionamentos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas no mundo convivem com transtornos de ansiedade. No Brasil, esse número também é muito alto e afeta a rotina de milhares de famílias.
Por isso, quero compartilhar neste artigo informações claras, baseadas em pesquisas científicas, para que você entenda melhor o que é a ansiedade, quais são os sintomas mais comuns e quando é hora de procurar ajuda profissional.
O que é ansiedade?
A ansiedade é uma reação natural do nosso corpo diante de situações que exigem atenção ou cuidado. Em níveis equilibrados, ela pode até ser positiva — afinal, é esse “alerta” que nos ajuda a reagir em momentos de pressão.
O problema aparece quando essa reação é intensa demais ou acontece em situações onde não há motivo real para tanta preocupação. É aí que a ansiedade deixa de ser apenas uma emoção passageira e passa a ser considerada um transtorno de ansiedade.
Quando desproporcional ao contexto ou quando persiste por longos períodos, pode evoluir para quadros clínicos, como o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), o Transtorno de Pânico ou a Fobia Social (American Psychiatric Association, DSM-5, 2013).
Sintomas da ansiedade: físicos, cognitivos e comportamentais
Os sintomas podem ser classificados em três grandes grupos:
1. Sintomas físicos
Taquicardia e palpitações
Falta de ar ou sensação de sufocamento
Sudorese excessiva
Tensão muscular
Tremores
Distúrbios do sono (insônia, despertares frequentes)
2. Sintomas cognitivos
Preocupação excessiva e descontrolada
Medo intenso de situações cotidianas
Pensamentos negativos recorrentes
Dificuldade de concentração e memória
3. Sintomas comportamentais
Evitação de locais ou pessoas
Procrastinação frequente
Isolamento social
Dificuldade em tomar decisões simples
Estudos mostram que 70% dos pacientes com Transtorno de Ansiedade Generalizada apresentam a combinação de sintomas físicos e cognitivos (Journal of Clinical Psychiatry, 2010).
Por que a ansiedade aparece?
Não existe uma única causa. Geralmente, ela é resultado da combinação de vários fatores:
Genética: quando há histórico de ansiedade na família, o risco é maior.
Cérebro e química: alterações em neurotransmissores como serotonina e GABA podem contribuir para os sintomas.
Estilo de vida: estresse constante, excesso de responsabilidades ou traumas vividos aumentam as chances.
Pesquisas mostram que pessoas com histórico familiar podem ter até três vezes mais chance de desenvolver transtornos de ansiedade (Hettema JM et al., 2001, Archives of General Psychiatry).
Ansiedade no ambiente de trabalho e a busca pela alta performance

O ambiente de trabalho é, para muitas pessoas, um dos principais fatores que alimentam a ansiedade. Prazos curtos, excesso de reuniões, metas agressivas e a cobrança constante por resultados podem gerar uma pressão diária difícil de administrar.
Segundo a OMS, o estresse ocupacional é um dos maiores responsáveis pelo aumento dos transtornos de ansiedade e depressão em adultos. Já um relatório da International Labour Organization (ILO, 2022) mostrou que a busca incessante por produtividade e “alta performance” tem levado cada vez mais profissionais ao esgotamento físico e mental.
Como a ansiedade se manifesta no trabalho
Sensação constante de não estar fazendo o suficiente
Medo de falhar ou ser demitido
Dificuldade de concentração em tarefas simples
Insônia antes de dias de reuniões ou entregas importantes
Procrastinação como forma de fuga
Com o tempo, essa busca por performance sem pausas pode levar ao burnout, uma condição reconhecida pela OMS como um distúrbio ocupacional ligado ao excesso de trabalho.
Se você sente que a pressão profissional está aumentando sua ansiedade, considere buscar uma consulta online. O apoio especializado pode ajudar a recuperar o equilíbrio e até melhorar o desempenho no trabalho.
Quando procurar ajuda médica?
É hora de buscar apoio profissional se você perceber que:
a preocupação não passa e dura mais de alguns meses,
a ansiedade está atrapalhando sua rotina,
você tem crises de ansiedade ou sintomas físicos frequentes,
sente que perdeu o controle sobre seus pensamentos.
Quanto antes o tratamento começar, maiores são as chances de melhora e de recuperação da qualidade de vida.
Diagnóstico da ansiedade
O diagnóstico é clínico, realizado por meio de entrevista psiquiátrica estruturada, que avalia histórico, sintomas e contexto do paciente.
Em alguns casos, podem ser aplicadas escalas validadas, como:
GAD-7 (Generalized Anxiety Disorder 7-item Scale) – usada para rastrear sintomas de ansiedade generalizada.
HAM-A (Hamilton Anxiety Rating Scale) – uma das mais utilizadas em pesquisas clínicas.
Esses instrumentos auxiliam na avaliação da gravidade dos sintomas, mas não substituem a consulta médica.
Tratamento da ansiedade
O tratamento da ansiedade pode envolver diferentes estratégias, e geralmente funciona melhor quando é personalizado.
1. Psicoterapia
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é considerada o padrão-ouro no tratamento da ansiedade. Pesquisas mostram que pacientes submetidos à TCC apresentam melhora significativa na redução de sintomas e prevenção de recaídas (Hofmann SG et al., 2012, Cognitive Therapy and Research).
2. Medicação
As medicações são indicadas apenas pelo médico e ajudam a acalmar a mente e reduzir os sintomas mais intensos.
Na prática, esses remédios agem regulando substâncias químicas do cérebro que controlam o humor e as emoções. Isso permite que a pessoa se sinta mais estável, com menos crises e maior capacidade de lidar com o dia a dia.
Mesmo nesses casos, o acompanhamento médico é fundamental para ajustar doses, tempo de uso e garantir a segurança do tratamento.
As diretrizes do National Institute for Health and Care Excellence (NICE) reforçam que a escolha da medicação deve ser individualizada, considerando histórico clínico, tolerância e resposta do paciente.
3. Mudanças de estilo de vida
Estudos mostram que hábitos saudáveis potencializam o tratamento da ansiedade:
Exercícios físicos: podem reduzir sintomas em até 30% (Jayakody K et al., 2014, Depression and Anxiety).
Sono adequado: a privação de sono intensifica quadros ansiosos.
Alimentação equilibrada: reduzir cafeína, álcool e alimentos ultraprocessados ajuda no controle.
Técnicas de relaxamento: mindfulness e respiração diafragmática apresentam eficácia comprovada em ensaios clínicos.
Ansiedade e comorbidades
Outro ponto importante é que os transtornos de ansiedade frequentemente estão associados a outras condições psiquiátricas:
Depressão: estudos indicam que até 50% dos pacientes ansiosos também apresentam sintomas depressivos.
Transtornos de uso de substâncias: o álcool, muitas vezes usado para “aliviar” a ansiedade, pode agravar o quadro.
Doenças físicas: como hipertensão, síndrome do intestino irritável e dor crônica.
Essa interrelação reforça a importância de um tratamento integrado e acompanhamento médico contínuo.
Conclusão
A ansiedade é uma condição comum, mas que pode se tornar incapacitante se não for tratada. O diagnóstico precoce e o tratamento baseado em evidências — que inclui psicoterapia, medicação e mudanças de estilo de vida — são fundamentais para recuperar o equilíbrio emocional e prevenir complicações.
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